10 de novembro de 2012

MULHERES NA PRESSÃO - POR MARTHA MEDEIROS


" Ainda desejamos provar para o mundo que yes, we can...
Claro que mulheres podem tudo, está sacramentado. Mas será que devemos querer tudo? Onde foi parar nosso critério de seleção? Já não sabemos distinguir o que é prioridade e o que pode ficar em segundo plano: tudo virou prioridade. E só uma mulher supersônica consegue ter eficiência absoluta em todos os quesitos: melhor mãe, melhor amiga, melhor filha, melhor namorada, melhor esposa, melhor profissional, melhor dona de casa e melhor bunda. É morte por exaustão na certa.
Eu proponho, nesse dia internacional da mulher, que a gente dê uma folga para nós mesmas. Vamos mudar de assunto. Que se pare de falar de mulheres que conseguiram engravidar aos 57 anos, que perderam 30 quilos em duas semanas, que beijaram 28 caras em duas noites de carnaval, que aprenderam a ganhar dinheiro sem sair de casa, que visitaram 46 países nos últimos 10 anos, que sobreviveram a tragédias, que conseguiram dominar a melenas, que são executivas completas, que possuem duas centenas de sapatos, que três semanas depois de se separar já estão felizes nos braços de outro, que preparam um risoto de funghi em 10 minutos, que têm disposição para rolar no chão com os filhos, que assistiram a todos os filmes em cartaz, que aparentam ter 15 anos a menos, que exibem uma barriga de tanquinho um mês depois de parir, que lembram trechos inteiros dos clássicos que leram na época da faculdade, que superaram traumas, que arranjam tempo para fazer pilates, ioga, musculação e drenagem linfática. Dá orgulho, eu sei, mas é uma competência e uma autopromoção que beira o irreal.
Estou com saudades de ler e ouvir sobre as adoráveis qualidades dos homens. Eles merecem voltar a ser valorizados em seus atributos. Isso ajudaria a resolver nosso stress. Com menos holofotes em nossa direção, deixaremos de nos cobrar tanto e recuperaremos um pouco da paz de nossas avós".

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